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Seria uma injustiça se o Fluminense fosse eliminado da Copa Libertadores na última terça-feira. Claro que poderia acontecer, afinal, no futebol nem sempre resultado e mérito caminham lado a lado. Mas a classificação coroou uma campanha consistente dentro de um dos grupos mais complicados do torneio (para muitos considerado o “da morte”), tanto dentro quanto fora de campo.
Mas o Flu foi melhor que o temido River Plate na estreia no Maracanã; buscou quatro dos seis pontos nas odisseias por Colômbia e Equador; teve 100% de aproveitamento contra o Santa Fe e só havia falhado em um único compromisso: a derrota em casa para o Junior Barranquilla. O empate entre os colombianos na rodada final já daria a vaga ao Fluminense mesmo se perdesse seu último jogo, mas o Tricolor reforçou seus méritos para a classificação com um 3 a 1 dentro do Monumental de Núñez.
E foi disparada a melhor atuação do time de Roger Machado não só na Libertadores, mas em toda a temporada. Principalmente no primeiro tempo. Sim, aqueles 45 minutos iniciais onde o Fluminense vinha se habituando a abrir mão nos jogos desta vez foram muito bem aproveitados. E nem parecia a mesma equipe das atuações apáticas das finais contra o Flamengo no Campeonato Carioca.
Três dias depois da frustração pelo vice-campeonato estadual, o Tricolor primeiro mostrou que não deixou se abater psicologicamente. Os jogadores estavam emocionalmente preparados para lidar com a pressão de um jogo que poderia criar uma crise nas Laranjeiras em caso de eliminação. E o maior benefício do Fla-Flu foi ter tirado lições para se corrigir do clássico.
Muito contestado pelo meio de campo expostos nos últimos jogos, Roger saiu em defesa dos jogadores do setor depois do Fla-Flu e diagnosticou que a falta de combate dos atacantes na saída de bola é que estava sobrecarregando os volantes. E o técnico buscou uma maneira de reinventar a sua própria formação sem sair do 4-3-3 que vinha jogando (e sendo alvo de críticas).
Com Caio Paulista e Gabriel Teixeira nos lugares de Kayky e Luiz Henrique, o time ganhou uma recomposição mais forte pelos lados do campo com dois jogadores com mais fôlego para atacar e defender. E nas laterais, colocou Samuel Xavier e Egídio, alas que têm por características o apoio, enquanto Calegari e Danilo Barcelos são mais defensivos. Essa combinação foi um casamento perfeito contra o River, tanto pela esquerda quanto pela direita.
Mas não foi só a troca de peças que fez o time ficar mais uma vez competitivo. Houve ainda uma mudança de posicionamentos de Roger para dar certo: Nenê, que vinha jogando mais perto da área, como um segundo atacante, foi recuado para a linha de meio de campo, marcando baixo e passando a construir as jogadas de trás. E Yago, apesar de um bote errado no início que gerou contra-ataque, também evitou subir a marcação para não correr riscos.
Foi um primeiro tempo de manual, onde praticamente tudo funcionou. Na volta do intervalo, o time mudou sua postura para reativa, afim de explorar um contra-ataque para matar o jogo. Mas aí Roger demorou a mexer, principalmente depois que Maidana foi expulso aos 21 minutos e deixou a partida à feição para a velocidade tricolor. Só que o técnico só foi substituir Nenê por Cazares aos 38, não colocou o talentoso Kayky em campo e manteve o desgastado Gabriel Teixeira até o final. Por outro lado, foi esperto ao tirar quem já tinha cartão amarelo para evitar que a arbitragem “compensasse”.
Mesmo com a pouca ofensividade do segundo tempo e menor posse d ebola (37%), o Fluminense terminou o jogo com mais finalizações que o River (13 a 11) e mais chances de gol (7 a 4). Obviamente que os jogadores argentinos recém-recuperados da Covid-19 possam ter sentido o ritmo depois de 10 dias de quarentena, mas só quatro dos 11 titulares em campo estavam nessa condição (no segundo tempo, entraram mais três dos infectados e saiu um).
Não só pela vitória maiúscula no Monumental de Núñez, mas pela campanha, o Fluminense se classificou com muitas méritos e chegará forte nas oitavas de final, que serão disputadas só após a Copa América, nas semanas dos dias 14 e 21 de julho (o sorteio dos confrontos será no dia 1º de junho). Com a vaga na bagagem, os jogadores desembarcaram na madrugada desta quarta-feira no Rio, terão o restante do dia de folga e se reapresentam na tarde de quinta no CT Carlos Castilho. No sábado, às 21h (de Brasília), o Flu estreia no Campeonato Brasileiro contra o São Paulo no Morumbi.
Por Thiago Lima — Rio de Janeiro GLOBO ESPORTE