Não há dados ainda sobre a eficácia dos esquemas mistos para prevenir a covid-19, mas é provável que funcionem bem. A resposta imune é semelhante, ou até melhor, em comparação com estudos que utilizaram a mesma vacina na primeira e segunda doses.
Isso indica que eles serão eficazes na prevenção da doença.
Isso poderia acelerar os programas de vacinação?
Na Espanha, aqueles com menos de 60 anos que receberam a primeira dose de AstraZeneca podem escolher entre continuar com o mesmo imunizante ou receber a vacina da Pfizer. Embora o Ministério da Saúde recomende uma segunda dose de Pfizer, muitos optaram por ficar com a AstraZeneca.
As descobertas recentes do mundo real no Reino Unido sugerem que, após duas doses, ambas as vacinas são igualmente eficazes contra as variantes que circulam nas Ilhas Britânicas.
As recomendações sobre a troca de vacina em diferentes países se devem à preocupação com o surgimento de casos de trombose após a primeira dose da AstraZeneca, além da alteração das faixas etárias dos cidadãos que a recebem e problemas de abastecimento.
Isso gerou incertezas generalizadas e fez com que os jovens de alguns países europeus que já haviam recebido a primeira dose fossem excluídos da segunda.
Os resultados destes estudos mistos sustentam a possibilidade de vacinar aqueles que receberam a primeira dose de AstraZeneca com um reforço diferente, se necessário.
Outras pesquisas estão em andamento para avaliar os cronogramas de mistura e combinação entre as vacinas Moderna e Novavax.
Seja vacinado o mais cedo possível
Enquanto em alguns países os casos estão diminuindo, muitos outros estão registrando um aumento da doença. Entre eles estão Taiwan e Cingapura, que anteriormente eram considerados excelentes exemplos de como gerenciar a covid-19.
Esses exemplos destacam a dificuldade de supressão sustentada pelo vírus na ausência de uma alta cobertura de vacinação. O que deve ser agravado pelas novas variantes mais transmissíveis.
Os casos atuais em muitas regiões da Europa, Estados Unidos e Austrália são causados pela variante B.1.617.1 (conhecida como variante indiana e chamada de Delta pela OMS). Ambas as vacinas são eficazes contra a variante B.1.617.2, intimamente relacionada com a Índia (embora ligeiramente menos do que contra a B.1.1.7), e uma eficácia semelhante seria esperada contra a B.1.617.1.
Enquanto esperamos, é fundamental que as pessoas não atrasem a vacinação com o imunizante que lhes é oferecido. A vacinação é parte essencial da estratégia para acabar com a pandemia.
É provável que o esquema de vacinação mude no futuro, pois podem ser necessários reforços. Isso é normal em programas de imunização. Já fazemos isso todos os anos com a vacina da gripe. Isso não deve ser visto como uma falha de política, mas sim como uma resposta baseada em evidências a novas informações.
Por Fiona Russell e John Hart The Conversation*, BBC