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As previsíveis dificuldades de um time que se depara com outro de investimento bem maior apareceram no Morumbi, mas não foram suficientes para se desenhar um duelo desigual. O Vasco voltou sim com 2 a 0 de desvantagem na bagagem, mas encarou o São Paulo como time grande que é. Marcou o adversário no campo de ataque, teve oportunidades, porém falhou quando não podia. As escolhas foram bem ruins.
Nas poucas oportunidades clara que teve, errou feio nas tomadas de decisão e não repetiu a eficácia mostrada nos 4 a 1 sobre o Guarani. O que se repetiu e se repete com grande frequência na temporada foram os inesgotáveis vacilos na bola aérea. Falhas nesse quesito aconteceram desde o início do duelo, mas a determinante se deu na reta final e resultou no gol de Pablo, o segundo do Tricolor.
Após sufoco inicial, Vasco adianta marcação e joga como time grande
A exemplo do que aconteceu com o Guarani, o Vasco começou acuado em seu campo de defesa, dando espaço ao São Paulo e cometendo erros simples. A bola queimou no pé de Ernando nos primeiros lances. A diferença do Tricolor para o Bugre obviamente era a qualidade técnica e, por isso, o sufoco foi muito maior.
Com 10 minutos, o São Paulo sobrava no quesito finalizações (5 a 1), na posse de bola e não saía do campo vascaíno. De tanto martelar, marcou. Mérito de Benítez, que deu lindo lançamento para Rigoni.
Chamou atenção a liberdade que o ex-vascaíno Benítez, a melhor figura do São Paulo, tinha para pensar as jogadas nesse recorte preocupante do jogo. Sem ser pressionado, conseguia conduzir a bola e tentar passes mais arrojados.
Aos poucos, o Vasco foi se soltando e começou a chegar também. De positivo viu-se a postura de – mais uma vez – adiantar a marcação mesmo diante de um rival mais forte. Após a blitz são-paulina, os comandados de Lisca começaram a chegar com três a quatro jogadores entre a intermediária ofensiva e a área tricolor a fim de tentar atrapalhar Volpi, Arboleda, Miranda e Léo Pelé.
Nos 45 minutos iniciais, o Vasco foi inferior, mostrou-se frágil defensivamente na primeira metade, mas novamente deu impressão de que está se organizando. Terminou a etapa com mais posse de bola (56%) e aumentou o número de finalizações. Faltou o brilho individual de algumas peças para o time agredir com mais consistência.
No intervalo, Lisca reparou o espaço que o São Paulo tinha no entre linhas e reforçou o meio-campo. Trocou Gabriel Pec por Andrey, e o Vasco cresceu rapidamente.
Com Galarza deslocado para o lado, foi preenchido o corredor que era explorado facilmente por Reinaldo enquanto Pec estava em campo. Além disso, o paraguaio conseguiu fazer boas combinações com Cano.
Cano e Arthur Sales pecam pelo individualismo
Aí entram as escolhas erradas do Vasco na etapa final. Cano, que costuma ser o melhor do time, foi fominha após troca de passes com Galarza. O centroavante chegou à linha de fundo e, com Jabá livre na pequena área, chutou sem qualquer ângulo. Foi fominha o argentino.
Ao observar que talvez pudesse arrancar um empate, Lisca mexeu de novo e colocou Arthur Sales, que tem entrado bem nos últimos jogos, no lugar de Galarza. E com o Arthur que vem a decisão errada de número 2.
Em contra-ataque, ainda com o placar em 1 a 0 para o São Paulo, o jovem conduziu para o meio, e Cano passou em alta velocidade pela esquerda. Mesmo de muito longe e diante de dois adversários, Arthur preferiu um chute sem força ao esperado passe para o centroavante.
Na coletiva pós-jogo, Lisca mencionou essas duas situações em que Cano e Arthur Sales fizeram a leitura errada de jogadas que poderiam resultar no gol.
– Tivemos boa posse, tivemos chutes com Jabá e Marquinhos. Tivemos um chute com Cano em que ele tentou a bola no canto do goleiro. Talvez se ele tivesse batido cruzado… Tivemos Morato arrastando com o Arthur passando por dentro. Tivemos uma situação clara com Arthur que faltou um pouquinho de experiência para ele servir o Cano na ultrapassagem.
– A escolha é muito importante no futebol. Você faz a escolha acertada quando faz o gol e dá a sequência na jogada. Nisso realmente a gente sentiu. Acho que deixamos a desejar nas nossas escolhas e na nossa qualidade na hora da definição, e isso foi determinante para o resultado de 2 a 0.
E nos jogos em que você tem um time inferior tecnicamente toda e qualquer chance tem de ser explorada da melhor forma. O Vasco não o fez, pecou na frente e pecou no que mais tem pecado atrás em 2021: a já manjada bola aérea.
O São Paulo chegou ao segundo gol em cobrança de escanteio – isso num momento em que pouco levava perigo a Vanderlei. Impressionou a facilidade com a qual Pablo antecipou em relação a Leandro Castan e cabeceou no canto de Vanderlei. Ali, o Vasco esmoreceu.
O erro na bola aérea, calcanhar de Aquiles mais do que cantado pelo antecessor Marcelo Cabo e por analistas, também foi alvo da preocupação de Lisca durante a entrevista.
– É uma situação corriqueira na temporada do Vasco. Procuramos analisar o adversário e mostrar aos jogadores onde eles têm a maior contundência na bola parada. Tomamos um gol na bola parada contra o Guarani numa bola mais viajada, hoje tomamos numa bola mais rápida, mais direcionada. Tínhamos já mapeado (a batida do São Paulo) e passado aos jogadores. Acho que a bola veio mais aberta, talvez a nossa linha estivesse muito fechada, mais próxima do gol. Mérito do adversário também, mas a gente precisa minimizar esses gols.
Apesar do resultado negativo e da desvantagem significativa, é bom ressaltar que o Vasco foi valente. É verdade que foi encurralado no início do jogo, apresentou erros de marcação e também falhou quando não podia na frente, mas tudo isso diante de um adversário superior e com investimento muito mais alto. O duelo está em aberto, e a prioridade do clube nesta temporada é o acesso à Série A.