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A Polícia Civil do Ceará informou nesta quarta-feira (22) que está apurando um possível crime contra o sentimento religioso contra a quadrilha junina Trem Maluco. O grupo teve uma apresentação interrompida no último domingo (19) em Uruburetama, no interior do Ceará, por ter trechos inspirados no candomblé. O Ministério Público também disse que investiga o caso e deu um prazo de 10 dias para que a Prefeitura e a Secretaria de Cultura de Uruburetama prestem esclarecimentos.
Os participantes da quadrilha afirmam que a secretária de Turismo e Cultura da cidade, Fernanda Carneiro, mandou parar a apresentação alegando ser “macumba”, no momento em que os participantes se apresentavam de branco em homenagem à Santa Dulce, freira brasileira que desenvolveu um trabalho de ajuda aos pobres na Bahia.
A Polícia Civil disse que o caso está sob investigação pela Delegacia Municipal de Uruburetama. Já o Ministério Público apura o caso através da Promotoria de Justiça da Comarca da cidade.
A Prefeitura de Uruburetama lamentou o ocorrido, se solidarizou com os membros da quadrilha Trem Maluco e pediu desculpas pelo episódio. A prefeitura também disse que “não compactua, enquanto entidade que preza pelo bem comum da sociedade e da cultura, com nenhum tipo de preconceito ou intolerância”. A secretária de Cultura do município, Fernanda Carneiro, não foi encontrada para se manifestar sobre o caso.
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Quadrilha com ala de baianas e batuque foi interrompida em Uruburetama — Foto: Divulgação
O tema abordado pela quadrilha, segundo um dos participantes que prefere não ser identificado, era “Santa Dulce”. Eles abriam a apresentação com a música “Batuques” quando houve a interrupção. A secretária Fernanda Carneiro teria afirmado que o evento era católico, mas que “estava parecendo um terreiro de macumba”.
“A gente tá com um tema sobre Santa Dulce esse ano e a Santa Dulce da Bahia tinha uma ligação muito forte com o candomblé, com pessoas da umbanda, que eram pessoas que ajudavam ela. Então a gente traz isso na nossa homenagem. A primeira música que a gente traz, ‘Boa noite povo que eu cheguei’ ,a gente traz as meninas da nossa quadrilha vestidas de baianas com todas as vestes brancas e os turbantes na cabeça, e todos os homens vestidos de branco”, disse um dos membros da quadrilha ao g1.
Ele disse ainda que, quando os participantes da quadrilha começaram a apresentação, a secretária “expressou um sentimento de indignação querendo interromper a quadrilha, dizendo que ali se tratava de uma festa religiosa.”
“Ela expressou que não tinha gostado nem um pouco e que se soubesse que seria daquele jeito, ela não teria convidado a quadrilha, porque ela pediu que a gente cortasse da nossa apresentação qualquer coisa que envolvesse outra religião que não fosse o catolicismo”, contou o organizador.
Em nota publicada nas redes sociais, o padre José Ránis da Paz Dias, da paróquia São João Batista, em Uruburetama, disse que o nome dele foi utilizado como justificativa para interromper a apresentação do grupo junino. O padre afirmou que sequer tinha conhecimento sobre o ocorrido e que não estava presente no momento da apresentação.
O religioso também se solidarizou com quem, “de alguma forma, se sentiu ofendido ou constrangido”, e agradeceu ao grupo Trem Maluco “por contribuírem culturalmente para os festejos de São João Batista através da arte popular”.
“Parabenizamos, também, pela desenvoltura ao nos trazer a história da irmã Dulce dos pobres, o anjo bom da Bahia, nossa primeira santa brasileira”, disse o padre.
o Ceará no g1