Preencha os campos abaixo para submeter seu pedido de música:
Lixo espalhado pelo chão, matagal crescendo sem freio, camas velhas e sem proteção, banheiros sujos com pias quebradas, alimentação pobre: pacientes e acompanhantes do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto, no Bairro Messejana, em Fortaleza, denunciam a estrutura e o atendimento do local.
Karliane Maria, que está com uma parente internada no hospital desde o dia 3 de agosto, fez fotos e vídeos da situação. Segundo ela, vários pacientes ficam em macas no corredor do hospital, sem conforto algum. Os que estão em um quarto, têm vista para um quintal onde o matagal já tomou conta e há muito lixo espalhado.
LEIA TAMBÉM:
“As camas são cheias de ferrugens. Uma poltrona, supostamente para o acompanhante, é toda rasgada e coberta por sujeira e com dois parafusos para cima que eu percebi quando espetei meu pé. Algumas camas não têm grande proteção, onde os pacientes dormem dopados. Tem um banheiro que é unissex e as portas não fecham. As pias são quebradas e sujas. Uma delas, quando abre a torneira, faz um barulho ensurdecedor que irrita e agita os pacientes”, elencou Karliane.
Em nota, o Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará, disse que estão em andamento quatro processos solicitados junto à Superintendência de Obras Públicas do Estado (SOP) para reforma da unidade.
Pacientes e acompanhantes reclamam de alimentação do Hospital Mental de Messejana. — Foto: Arquivo pessoal
Ainda de acordo com a acompanhante, tudo piora quando a noite chega. Os mosquitos tomam conta do ambiente e há um odor desagradável vindo do esgoto. A alimentação também deixa a desejar. Conforme a denunciante, e tudo é ‘pobre em sal, feijão, frutas e salada’.
“Enquanto estive lá, recebi como merenda uma água com um leve cheiro de abacaxi, que eles chamam de suco, e um pão com patê gelado. As outras acompanhantes e pacientes me disseram que estava melhor que no dia anterior, em que eles receberam um pão duro como pau”, comentou com o g1.
Em relação às observações sobre a presença de resíduos, o hospital esclarece que, apesar da supervisão e orientação educativa dos profissionais, ainda há pacientes e acompanhantes que fazem descarte irregular. “Entretanto, o Serviço de Higienização Hospitalar do HSM realiza procedimentos de limpeza diariamente”.
Pacientes dispostos no corredor do hospital. — Foto: Arquivo pessoal.
O relato não é exclusivo de Karliane. Uma outra acompanhante, que preferiu não se identificar, disse que os pacientes estão sendo amarrados à cama com lençóis. Este é um procedimento usado para contenção de pessoas agitadas, mas deve ser aplicado em caso de extrema urgência – conforme orientação do Ministério da Saúde.
“Os pacientes não podem fazer nada que eles já querem amarrar, coloca logo duas injeções nas pernas dos pacientes. É um sofrimento. O banheiro é misturado, falta higiene. Os pacientes estavam reclamando porque queriam água gelada e lá é tudo quente”, disse a fonte.
Sobre isso, o hospital respondeu que muitos dos pacientes recebidos apresentam grave agitação psicomotora, colocando em risco sua própria vida e a de outras pessoas.
“Neste caso, é possível – sob prescrição médica – utilizar o recurso da contenção física, pelo menor tempo possível. A contenção com o uso de lençóis é feita de maneira que amenize os riscos ao paciente, no intuito de deixar o procedimento menos invasivo possível. A Direção destaca que este recurso é indicado após serem exauridas todas as outras ferramentas terapêuticas”.
Ainda de acordo com a unidade hospitalar, no que se refere à alimentação, “são servidas seis refeições diárias, seguindo as recomendações da AMDR (Acceptable Macronutrients of Distribution Ranges, leia-se: espectro aceitável da distribuição de macronutrientes), com média de 1.895,02 kcal e distribuição de macronutrientes: 61,28% carboidratos, 16,16% proteína e 22,56% lipídios, de acordo com a necessidade energética média de 1.853 kcal/dia”.
O HSM recebe pacientes de todo o Estado do Ceará. Ainda em nota, o hospital afirmou que dispõe de uma emergência 24 horas para pacientes com transtornos mentais graves e que estejam em crise. “Para os pacientes que precisam de internamento, o hospital conta com 180 leitos de internação, sendo 160 para tratamento de pacientes com transtornos mentais gerais e 20 leitos para dependentes químicos”.