Um pedido de impeachment foi protocolado na Câmara dos Deputados contra o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, por ele afirmar ter pago passagens e custos de hospedagem da dama do tráfico Luciane Barbosa de Farias em agendas do governo federal.
O pedido foi assinado por 41 parlamentares e encabeçado pelo deputado Rodrigo Valadares (União-SE).
Os deputados alegam que Almeida cometeu crime de responsabilidade ao “proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo”.
Além de fazer uma tour pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília, com livre acesso aos seus secretários e ministros, a dama do tráfico teve seus custos e passagens pagos pelo Ministério dos Direitos Humanos do governo Lula (PT).
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A informação foi divulgada pela própria pasta. De acordo com o ministério, a pasta arcou com custos de deslocamento para Brasília de todos os participantes do Encontro de Comitês e Mecanismos de Prevenção e Combate à Tortura (CNPCT), o que inclui a participação de Luciane.
Casada há 11 anos com o “criminoso número um” dos procurados da polícia amazonense, Luciane e seu marido – Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas – foram condenados em segunda instância por organização criminosa, lavagem de dinheiro e associação para o tráfico. De acordo com o Ministério Público, Clemilson adquiriu seu poder econômico em função do tráfico de drogas. O procurador Mário Ypiranga Monteiro Neto, em um trecho de sua denúncia em 2018, elencou que o criminoso costumava penalizar impiedosamente seus devedores, “ceifando-lhes a vida sempre que os crimes em que se envolvem lhes tornam credor”.
O MP do Amazonas classificou Luciene como o “braço financeiro” dos empreendimentos criminosos de seu marido. Segundo o departamento, ela exercia “papel fundamental também na ocultação de valores oriundos do narcotráfico, adquirindo veículos de luxo, imóveis e registrando ‘empresas laranjas’.” Seu ofício rendeu-lhe a “confiabilidade da cúpula da Organização Criminosa ‘Comando Vermelho’”. Em dezembro de 2012, o casal apresentou bens de R$ 30 mil na declaração de Imposto de Renda.
Enquanto Tio Patinhas cumpre 31 anos de detenção no presídio de Tefé (AM), sua esposa, condenada há dez anos, recorre em liberdade.