Em um anúncio, o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, utilizou sua plataforma no X para revelar o que ele chama de “o novo mapa da Venezuela“, devorando toda a área do Essequibo – que possui 159.542 km². Esta proclamação vem na esteira de um referendo realizado no domingo (3), no qual supostamente mais de 95% dos eleitores expressaram seu apoio à criação de um novo estado venezuelano denominado Guiana Essequiba, abrangendo território que atualmente pertence ao país vizinho. O anúncio foi feito na terça-feira (5).
No mesmo dia, Maduro submeteu à consideração da Casa um projeto de lei destinado a regulamentar a formação do novo estado. A deliberação por parte dos deputados está marcada para esta quarta-feira, 6 de dezembro. Vale lembrar que Maduro, de 60 anos, lidera um regime ditatorial que persegue garantias e liberdades fundamentais. Sob sua liderança, indivíduos são mantidos sob custódia por aquilo que é considerado como “crimes políticos”.
Segundo apresentador e colunista do BSM Brás Oscar, a República da Guiana e a Venezuela reclamam a posse do território a oeste do Rio Essequibo desde o século XIX, quando Robert Hermann Schomburgk, um explorador alemão a serviço da coroa britânica, delimitou – obviamente a favor do Reino Unido – a fronteira da então colônia da Guiana Britânica com a Venezuela.
“Imediatamente ordenei publicar e levar a todas as escolas, colégios, Conselhos Comunitários, estabelecimentos públicos, universidades e em todos os lares do país o novo mapa da Venezuela com a nossa Guiana Essequiba. Este é o nosso querido mapa!”, escreveu.
A situação é extremamente complicada, já que o Essequibo já foi parte da Capitania Geral da Venezuela, colônia espanhola que esteve em processo de independência junto com as demais capitanias espanholas, formando a Grã-Colômbia.
Em um pronunciamento, o ditador propôs uma série de medidas destinadas a consolidar a presença do Estado na região contestada. Entre as propostas, destaca-se um plano de “assistência social” direcionado à população. Este plano inclui a realização de um censo e a entrega de carteiras de identidade aos habitantes locais.
Além disso, ele sugeriu a criação de um Alto Comissariado para a Defesa da Guiana Essequiba, um órgão que seria integrado pelo Conselho de Defesa, pelo Conselho do Governo Federal, pelo Conselho de Segurança Nacional e representantes dos setores político, religioso e acadêmico. Outra medida proposta pelo presidente é a criação de uma Zona de Defesa Integral da Guiana Essequiba, buscando fortalecer a presença do Estado na área.
Em um pronunciamento no mesmo dia, o presidente guianense, Irfaan Ali, anunciou planos para acionar o Conselho de Segurança da ONU na quarta-feira (6). Em uma conversa prévia com António Guterres, secretário-geral da ONU, Ali solicitou ação imediata diante da decisão de Maduro. Para o governo guianês, as ações de Maduro são uma ameaça iminente à sua integridade territorial e afirmou que sua Força de Defesa “está em alerta total”.
“Isso vai contra o direito internacional e constitui uma grande ameaça à paz e à segurança internacionais”, acusou Ali. “A Guiana levará amanhã esta questão ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, para que sejam tomadas medidas apropriadas por esse órgão.”
Entenda
Essa fronteira é até hoje chamada de Linha Schomburgk, e é motivo de um dos maiores problemas geopolíticos da história sul americana, ainda sem resolução e, desde o início do ano, foco de uma tensão que pode acabar em guerra na fronteira de ambos os países com o Brasil.
O território em disputa, chamado de Guiana Essequiba, é rico em petróleo e isso é um dos principais motivos para o conflito histórico voltar a ter importância. A Guiana começou recentemente a explorar o potencial petrolífero da região, em parceria com empresas americanas, e o ditador venezuelano Nicolás Maduro não perdeu tempo em anunciar um referendo – que ocorrerá neste domingo, 3 de dezembro – sobre novas políticas para área, que servirão para justificar uma anexação.
Por mais que a primeira impressão que temos ao receber essa notícia é de que Maduro está criando um pretexto para dizer que a Guiana Essequiba deveria ser parte da Venezuela, ao olhar com atenção os detalhes históricos, a situação é mais complicada do que parece.
Aprofunde-se no contexto e história do Esequibo, na matéria completa do BSM: