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Análise: time encara o São Paulo, mas decisões erradas e bola parada aumentam prejuízo do Vasco

Equipe sofre muito nos primeiros 20 minutos, equilibra o jogo com marcação alta e poderia ter melhor sorte em lances nos quais atacantes foram individualistas.

As previsíveis dificuldades de um time que se depara com outro de investimento bem maior apareceram no Morumbi, mas não foram suficientes para se desenhar um duelo desigual. O Vasco voltou sim com 2 a 0 de desvantagem na bagagem, mas encarou o São Paulo como time grande que é. Marcou o adversário no campo de ataque, teve oportunidades, porém falhou quando não podia. As escolhas foram bem ruins.

Nas poucas oportunidades clara que teve, errou feio nas tomadas de decisão e não repetiu a eficácia mostrada nos 4 a 1 sobre o Guarani. O que se repetiu e se repete com grande frequência na temporada foram os inesgotáveis vacilos na bola aérea. Falhas nesse quesito aconteceram desde o início do duelo, mas a determinante se deu na reta final e resultou no gol de Pablo, o segundo do Tricolor.

Após sufoco inicial, Vasco adianta marcação e joga como time grande
A exemplo do que aconteceu com o Guarani, o Vasco começou acuado em seu campo de defesa, dando espaço ao São Paulo e cometendo erros simples. A bola queimou no pé de Ernando nos primeiros lances. A diferença do Tricolor para o Bugre obviamente era a qualidade técnica e, por isso, o sufoco foi muito maior.

Com 10 minutos, o São Paulo sobrava no quesito finalizações (5 a 1), na posse de bola e não saía do campo vascaíno. De tanto martelar, marcou. Mérito de Benítez, que deu lindo lançamento para Rigoni.

Chamou atenção a liberdade que o ex-vascaíno Benítez, a melhor figura do São Paulo, tinha para pensar as jogadas nesse recorte preocupante do jogo. Sem ser pressionado, conseguia conduzir a bola e tentar passes mais arrojados.

Aos poucos, o Vasco foi se soltando e começou a chegar também. De positivo viu-se a postura de – mais uma vez – adiantar a marcação mesmo diante de um rival mais forte. Após a blitz são-paulina, os comandados de Lisca começaram a chegar com três a quatro jogadores entre a intermediária ofensiva e a área tricolor a fim de tentar atrapalhar Volpi, Arboleda, Miranda e Léo Pelé.

Nos 45 minutos iniciais, o Vasco foi inferior, mostrou-se frágil defensivamente na primeira metade, mas novamente deu impressão de que está se organizando. Terminou a etapa com mais posse de bola (56%) e aumentou o número de finalizações. Faltou o brilho individual de algumas peças para o time agredir com mais consistência.

Decisões erradas e o “calcanhar de Aquiles” pesam na etapa final

No intervalo, Lisca reparou o espaço que o São Paulo tinha no entre linhas e reforçou o meio-campo. Trocou Gabriel Pec por Andrey, e o Vasco cresceu rapidamente.

Com Galarza deslocado para o lado, foi preenchido o corredor que era explorado facilmente por Reinaldo enquanto Pec estava em campo. Além disso, o paraguaio conseguiu fazer boas combinações com Cano.

Cano e Arthur Sales pecam pelo individualismo

Aí entram as escolhas erradas do Vasco na etapa final. Cano, que costuma ser o melhor do time, foi fominha após troca de passes com Galarza. O centroavante chegou à linha de fundo e, com Jabá livre na pequena área, chutou sem qualquer ângulo. Foi fominha o argentino.

Ao observar que talvez pudesse arrancar um empate, Lisca mexeu de novo e colocou Arthur Sales, que tem entrado bem nos últimos jogos, no lugar de Galarza. E com o Arthur que vem a decisão errada de número 2.

Em contra-ataque, ainda com o placar em 1 a 0 para o São Paulo, o jovem conduziu para o meio, e Cano passou em alta velocidade pela esquerda. Mesmo de muito longe e diante de dois adversários, Arthur preferiu um chute sem força ao esperado passe para o centroavante.

Na coletiva pós-jogo, Lisca mencionou essas duas situações em que Cano e Arthur Sales fizeram a leitura errada de jogadas que poderiam resultar no gol.

– Tivemos boa posse, tivemos chutes com Jabá e Marquinhos. Tivemos um chute com Cano em que ele tentou a bola no canto do goleiro. Talvez se ele tivesse batido cruzado… Tivemos Morato arrastando com o Arthur passando por dentro. Tivemos uma situação clara com Arthur que faltou um pouquinho de experiência para ele servir o Cano na ultrapassagem.

– A escolha é muito importante no futebol. Você faz a escolha acertada quando faz o gol e dá a sequência na jogada. Nisso realmente a gente sentiu. Acho que deixamos a desejar nas nossas escolhas e na nossa qualidade na hora da definição, e isso foi determinante para o resultado de 2 a 0.

E nos jogos em que você tem um time inferior tecnicamente toda e qualquer chance tem de ser explorada da melhor forma. O Vasco não o fez, pecou na frente e pecou no que mais tem pecado atrás em 2021: a já manjada bola aérea.

O São Paulo chegou ao segundo gol em cobrança de escanteio – isso num momento em que pouco levava perigo a Vanderlei. Impressionou a facilidade com a qual Pablo antecipou em relação a Leandro Castan e cabeceou no canto de Vanderlei. Ali, o Vasco esmoreceu.

O erro na bola aérea, calcanhar de Aquiles mais do que cantado pelo antecessor Marcelo Cabo e por analistas, também foi alvo da preocupação de Lisca durante a entrevista.

– É uma situação corriqueira na temporada do Vasco. Procuramos analisar o adversário e mostrar aos jogadores onde eles têm a maior contundência na bola parada. Tomamos um gol na bola parada contra o Guarani numa bola mais viajada, hoje tomamos numa bola mais rápida, mais direcionada. Tínhamos já mapeado (a batida do São Paulo) e passado aos jogadores. Acho que a bola veio mais aberta, talvez a nossa linha estivesse muito fechada, mais próxima do gol. Mérito do adversário também, mas a gente precisa minimizar esses gols.

Apesar do resultado negativo e da desvantagem significativa, é bom ressaltar que o Vasco foi valente. É verdade que foi encurralado no início do jogo, apresentou erros de marcação e também falhou quando não podia na frente, mas tudo isso diante de um adversário superior e com investimento muito mais alto. O duelo está em aberto, e a prioridade do clube nesta temporada é o acesso à Série A.

Por Fred Gomes — Rio de Janeiro

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