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Cidade de SP passa a exigir comprovante de vacinação para entrada em eventos com mais de 500 pessoas a partir desta quarta

‘Passaporte da vacina’ será obrigatório para entrada em shows, feiras, congressos e jogos, segundo decreto publicado no sábado (28). Prefeitura voltou atrás e deixou bares, restaurantes e shoppings de fora da medida.

A cidade de São Paulo começa a exigir, a partir desta quarta-feira (1º), comprovante de vacinação contra a Covid-19 com pelo menos uma dose para a entrada em todos os eventos com público superior a 500 pessoas. O “passaporte da vacina” poderá ser apresentado por aplicativo de celular ou em formato físico.

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) chegou a afirmar que o comprovante seria obrigatório para bares, restaurantes e shoppings. Após pressão do setor, no entanto, a gestão municipal voltou atrás e definiu que a medida será opcional para esses estabelecimentos.

De acordo com decreto publicado no Diário Oficial de sábado (28), a obrigatoriedade do comprovante valerá para shows, feiras, congressos e jogos. Para os demais estabelecimentos e setores, o passaporte será apenas “recomendado”.

Em caso de descumprimento, há previsão de interdição do local e multa que varia de acordo com o tamanho do estabelecimento. São as mesmas punições estabelecidas no início da pandemia pelo decreto nº 59.298, de 23 de março de 2020.

Embora os jogos constem no novo decreto da prefeitura, o estado de São Paulo ainda não liberou totalmente a presença de torcidas nos estádios.

O governador João Doria (PSDB) havia afirmado que isso só aconteceria depois de 1º de novembro, mas abriu exceção para o jogo entre Brasil e Argentina que acontecerá no próximo domingo (5). (Leia mais abaixo)

A gestão estadual encerrou em 17 de setembro as restrições da quarentena de limite de horário e de público nos estabelecimentos e serviços. Mas a realização de shows com público em pé e eventos com aglomeração continuam proibidos pelas regras estaduais. O uso de máscara também continua obrigatório em todo o estado.

Como baixar o ‘passaporte da vacina’

De acordo com a Prefeitura de São Paulo, os participantes dos eventos poderão baixar o QR Code do “passaporte da vacina” no aplicativo E-saúde, da Secretaria Municipal da Saúde.

É necessário fazer um cadastro com dados do Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), data de nascimento, nome completo, e-mail e telefone.

Caso não tenha acesso ao aplicativo, também é possível apresentar o comprovante físico que é entregue no momento da imunização.

A Secretaria Estadual da Saúde também oferece o comprovante de vacinação em formato digital por meio do aplicativo do Poupatempo Digital(Saiba como baixar aqui).

Indefinição das regras

Na segunda-feira (23), Nunes anunciou que o comprovante seria obrigatório para todos os bares, restaurantes e shoppings da cidade, o que gerou reação negativa do setor.

“O conceito principal é que os estabelecimentos só vão poder aceitar pessoas que estejam com vacina [contra a Covid-19]. Esse é o passaporte. Se o estabelecimento estiver com pessoas sem vacina, e isso for observado pela Vigilância Sanitária, ele sofrerá multa.”, disse o prefeito na ocasião.

Pouco depois, no mesmo dia, o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, afirmou que o o passaporte seria opcional para esses setores. Aparecido fez a ressalva de que apenas restaurantes com eventos e teatros de shoppings, por exemplo, teriam obrigatoriedade na exigência comprovante.

Não ficou claro, portanto, as regras exatas que deveriam ser seguidas. Segundo a gestão municipal, a Vigilância Sanitária faria a publicação da norma para regulamentar o assunto na quinta-feira (26), o que não aconteceu.

Na sexta-feira (27), o prefeito adiou a adoção da medida afirmando que a Secretaria Estadual de Saúde não havia disponibilizado dados da vacinação que permitiriam o funcionamento do aplicativo. Em nota enviada ao G1, a pasta disse que já oferecia o comprovante de vacinação em formato impresso e digital.

Associações criticam medida

Após o anúncio, a Associação Nacional de Restaurantes (ANR) afirmou na segunda-feira que via com preocupação a decisão de exigência do passaporte. A entidade, que representa grandes redes alimentícias, disse ainda não houve diálogo com o setor antes da proposição da medida.

“A ANR entende que qualquer decisão que venha a impactar o setor deve ser precedida de diálogo com as autoridades. Bares e restaurantes enfrentaram e ainda enfrentam a pior crise de sua história em decorrência da pandemia. E em um momento de recuperação, vemos com muita preocupação exigir de consumidores atestados de vacina”, disse em nota.

Restaurante na região do Itaim Bibi, na Zona Sul de São Paulo, no primeiro dia sem regras da quarentena no estado na última terça-feira (17). — Foto: Marina Pinhoni/G1

Restaurante na região do Itaim Bibi, na Zona Sul de São Paulo, no primeiro dia sem regras da quarentena no estado na última terça-feira (17). — Foto: Marina Pinhoni/G1

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em São Paulo afirmou que a exigência pode ser um incentivo à vacinação, mas fez a ressalva de que o aplicativo poderia ser um obstáculo para os clientes.

“Sendo um incentivo à vacinação, o setor vê como apoio. A única ressalva e preocupação que o setor tem é com a funcionalidade desse aplicativo para que não seja um impeditivo ou obstáculo para frequência dos seus usuários, clientes, e também dos próprios estabelecimentos preocupados com o manuseio e a utilização desse aplicativo”, afirmou o diretor Rodrigo Goulart.

A Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) disse que está em “desacordo com a medida proposta pela Prefeitura de São Paulo de exigir o passaporte de vacinação em teatros de shoppings, conforme anunciado pelo secretário.”

“Para a entidade, a medida é considerada extemporânea, pois impõe severos custos e dificulta o acesso a um setor fortemente impactado pela Covid-19 e que já dispõe de rigorosos protocolos sanitários de operação elaborados pela consultoria do Hospital Sírio Libanês”, disse por meio de nota.

Quarentena

A quarentena contra o coronavírus foi encerrada no estado de São Paulo pelo governador João Doria (PSDB) no dia 17 de agosto, antes que a maioria da população esteja imunizada com as duas doses da vacina contra a Covid-19 e com indicadores da pandemia melhores, mas ainda fora de controle. Além disso, há a preocupação com o avanço da variante delta do coronavírus no país.

Bares, restaurantes, academias e cinemas não têm mais restrição de horário ou quantidade de público para operar. As exceções são os shows, que estão permitidos, desde que com público sentado, e eventos esportivos com público, que continuam proibidos. A utilização de máscara segue obrigatória.

O governador havia afirmado que shows com público em pé, torcidas em estádios e pistas de danças continuariam proibidos até 1º de novembro. Mas voltou atrás ao anunciar que o jogo entre Brasil e Argentina, no dia 5 de setembro, terá liberação para 12 mil pessoas como “evento-teste”.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no entanto, decidiu nesta segunda-feira (30) que não haverá venda de ingressos para a partida. Apenas 1,5 mil convidados poderão acompanhar o jogo no local.

Por G1 SP — São Paulo

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