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Usina terá torre submersa para captar água do mar a 14 metros de profundidade — Foto: SPE Águas de Fortaleza/Reprodução
A usina de dessalinização da água do mar na Praia do Futuro, em Fortaleza, teve projeto aprovado na tarde desta quarta-feira (8) pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente (Coema). No entanto, ela é centro de polêmica por conta do risco de derrubar internet no Brasil.
O próximo passo é a apresentação do projeto à Superintendência do Patrimônio da União (SPU), que deve autorizar o acesso do empreendimento ao mar da Praia do Futuro.
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Empresas que vendem serviços de internet no Brasil, mesmo após aprovação do conselho, ainda temem que a usina possa causar um apagão digital em todo o país.
Fabio Augusto Andrade, vice-presidente de relaçoes institucionais da Claro, disse que o posicionamento da empresa não muda:
‘Nossos questionamentos não são ambientais, são técnicos. Esse projeto beira à irresponsabilidade. Esse distanciamento de 500 metros é muito pouco para lançar cabos novos. A gente continua dizendo que vai faltar internet no Brasil, América Latina e grande parte do mundo. Estamos questionando o olhar técnico’, disse ao g1.
A Anatel também informou que não muda seu posicionamento e que ainda realiza uma análise do projeto; o documento ainda não foi lançado. (confira mais detalhes abaixo).
Em nota, a Cagece descarta qualquer risco de prejudicar o funcionamento da internet no país: “Cagece já atendeu a uma solicitação de mudança de 500 metros do ponto de captação, em relação aos cabeamentos. Cabe destacar que essa alteração atende às regulações internacionais de proteção dos cabos submarinos”, diz. (Confira abaixo o posicionamento da companhia.)
O risco, segundo a associação de operadoras TelComp, é que ocorra um rompimento de cabos submarinos que garantem o abastecimento de internet.
O objetivo da usina, que tem estrutura no fundo do mar, é remover o sal da água e aumentar em 12% a oferta de água potável para a população da Grande Fortaleza.
Fortaleza é o ponto central dos cabos que abastecem a internet no Brasil — Foto: Globo/Reprodução
Para entender os riscos, é preciso saber o que está sendo construído e onde:
Usina de remoção do sal da água do mar em Fortaleza — Foto: Reprodução
Inicialmente, o projeto previa que a torre de captação de água da usina, que fica no fundo do mar, passaria sobre alguns cabos. Em um segundo momento, o local de instalação da usina foi desviado, o que continuou gerando temor por parte das empresas de internet (veja imagem acima).
Em um terceiro projeto, a Cagece afirma que a estrutura da usina passará a 500 metros da rede de fibra ótica (confira a imagem abaixo).
Projeto atual da usina de remoção do sal da água do mar em Fortaleza — Foto: Reprodução
Com a nova mudança, segundo Neuri Freitas, diretor-presidente da companhia, qualquer risco de afetar os serviços de internet no país está descartado.
“A nosso ver, isso está totalmente resolvido, não vamos trazer nenhum risco, buscamos a conciliação. A gente acha que não há esse risco já que no continente todos os cabos cruzam com alguma estrutura, como rede de gás, de energia e diversas outras estruturas”, afirmou.
Mas os empresários do setor e pesquisadores discordam.
Projeto de usina para tirar sal da água do mar em Fortaleza pode derrubar internet no país e causa embate — Foto: Reprodução
Apesar da distância entre a usina e os cabos de fibra ótica, o receio de deixar o Brasil off line continua.
“A usina vai puxar água do assoalho oceânico para tirar o sal. Essa sucção vai alterar o fundo do mar, mudando a topografia da região. E, mudando a topografia, os cabos vão se movimentar, o que também pode causar o rompimento de algum deles”, afirma o professor de Engenharia da Computação na Universidade Federal do Ceará (UFC) Yuri Victor Lima de Melo.
Ainda conforme pesquisadores, o risco de dano ao cabeamento é permanente: já que a usina estará sempre em atividade, e possivelmente gerando movimento no assoalho (fundo do mar).
“Mudando a topografia, os cabos vão se movimentar, o que também pode causar o rompimento de algum deles”, diz o professor.
Posicionamento das empresas de telecomunicações não considera impactos no abastecimento de água para capital cearense
Sobre os questionamentos levantados acerca da implantação da Planta de Dessalinização de Água Marinha na na Praia do Futuro, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) reafirma que qualquer argumentação neste momento é inoportuna, pois esse projeto contou com duas consultas públicas, uma audiência pública e outra na Assembleia Legislativa do Ceará. Além disso, contou também com legislação aprovada na Câmara Municipal de Fortaleza e validação do Conselho Gestor de Parceria Público-Privada (PPP) do Estado e Tribunal de Contas do Estado (TCE).
A companhia reforça também que:
Tal posicionamento está causando grande transtorno à prestação de um serviço essencial para a população, que é o acesso à água potável, impactando diretamente na segurança hídrica de Fortaleza e no valor final do projeto.
Por g1 CE