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Além de despertar manifestações de repúdio por parte de outros políticos, o episódio vai virar alvo de processo por difamação e danos morais.

Wylna de Castro é a atual vice-prefeita da cidade, situada a 430 quilômetros de Fortaleza. Além de ser ex-vereadora, ela é professora e psicopedagoga. Wylna e o atual prefeito, Marcondes Ferraz, são candidatos à reeleição no município.

Os ataques foram feitos no palanque durante a convenção do MDB, do Solidariedade e do PSD, que lançou candidatura em oposição à chapa do atual prefeito.

“O doutor Marcondes bota no seu lado uma quenga, uma rapariga, e entra na casa de vocês pedindo voto. Vocês deviam era fechar a porta de vocês”, disse o ex-prefeito Gotardo Martins no palanque durante a convenção.

Nas redes sociais, o prefeito Marcondes Ferreza publicou uma mensagem de repúdio às ofensas proferidas, manifestando apoio à vice-prefeita.

Com transmissão ao vivo do evento nas redes sociais, a fala do político teve grande repercussão na cidade por meio de vídeos e áudios. Em entrevista ao g1, Wylna de Castro afirma que está triste e abalada até agora com as ofensas.

“Já não é fácil ser mulher, e mulher na política é mais difícil ainda. A gente tá a cada dia superando, querendo alcançar o nosso espaço, e a gente se depara com o machismo, com uma situação dessa, né? De uma forma desrespeitosa, preconceituosa mesmo, destilando ódio. É um menosprezo total em referência às mulheres”, afirmou a vice-prefeita.

A gestora procurou a Delegacia da Mulher para denunciar o caso. Ela afirma que irá processar o político criminalmente por difamação e danos morais.

Conforme defende, o teor das ofensas do ex-prefeito é uma violência que atinge também todas as mulheres, que buscam igualdade e respeito nos diversos ambientes que ocupam.

Desde o episódio, Wylna tem recebido mensagens de apoio e manifestações de repúdio às falas de Gotardo Martins. Dentre as mensagens recebidas, ela afirma que recebeu o contato da vice-governadora do Ceará e secretária das Mulheres do Estado do Ceará, Jade Romero, em solidariedade ao ataque sofrido.

“O apoio que eu tive de homens e mulheres, de toda a população, está me fortalecendo. E eles não vão me calar. Eu acho que o intuito é me calar. Mas estou mais firme, mais forte e confiante”, declarou.

A vice-prefeita ressaltou, ainda, que a convenção partidária do grupo de oposição tinha outros políticos presentes no palco e que nenhum deles se manifestou sobre as ofensas proferidas pelo ex-prefeito.

Dentre as mensagens de repúdio ao episódio, o caso foi citado em nota da Frente Parlamentar de Combate à Violência Política de Gênero da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece).

Para a Frente, o uso de linguagem vulgar, em tom descortês e desrespeitoso, é inaceitável e não deve ser normalizado. “Tais discursos representam clara incitação à violência política de gênero e não condizem com a postura esperada de homens públicos”, diz a nota.

Por Thaís Brito, g1 CE