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Tendo como material de base a mitologia Yanomami para denunciar a ação de garimpeiros e destruição da floresta amazônica, o longa-metragem “A Última Floresta”, do brasileiro Luiz Bolognesi ganhou o prêmio do público da mostra Panorama, do festival de cinema de Berlim, anunciado neste domingo (20).
Único longa brasileiro na competição oficial da 71ª Berlinale, “A Última Floresta”, de Luiz Bolognesi, mistura documentário e ficção, denunciando garimpos ilegais e o desmatamento da floresta. O roteiro foi coassinado pelo xamã e ativista Davi Kopenawa Yanomami. Os atores foram os próprios indígenas.
Bolognesi contou à RFI Brasil que a história de “A Última Floresta” surgiu enquanto filmava seu filme anterior, “Ex-Pajé”, vencedor do Prêmio Especial do Júri, na Berlinale de 2018.
“Há aldeias e povos que ainda possuem um xamã muito forte, que luta e resiste para manter o centro deles de política, saúde e saber. Quis então fazer um filme que retratasse também este outro lado, a vitória da resistência”, explicou.
A 71ª edição da Berlinale aconteceu este ano em versão híbrida, com uma parte online e em presencial em junho. Os vencedores do prêmio de público dos filmes em competição pelo Urso de Ouro são: “Mr. Bachmann and his Class” (Alemanha), de Maria Speth, “I’m Your Man” (Alemanha), de Maria Schrader, e “Ballad of a White Cow” (Irã/França), de Behtash Sanaeeha e Maryam Moghaddam.
A leitura do livro “A queda do céu”, de autoria de Davi Kopenawa, num diálogo com o antropólogo francês Bruce Albert, publicado no Brasil pela Cia das Letras em 2015, foi definitivo para a decisão de Luiz Bolognesi convidar o xamã Yanomami para fazerem juntos o longa-metragem “A Última Floresta”.
“Na minha opinião, além de tudo, como valor literário, esse é o grande livro que eu li no século 21. No século XX, o livro que mais me impressionou foi o Grande Sertão Veredas (de Guimarães Rosa, 1956); para mim ‘A Queda do Céu’ é o ‘Grande Sertão’ do século 21”, avalia o diretor.
O filme “A Última Floresta”, de Luiz Bolognesi, deverá entrar em cartaz no Brasil no segundo semestre de 2021.
Por RFI