Um levantamento realizado pelo jornal Estadão revelou que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva gastou R$ 26,8 milhões com reformas e compras de móveis e utensílios para os Palácios do Planalto, Alvorada, Jaburu e a Residência Oficial de Torto em 2023. Juntamente à primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, o presidente empregou R$ 114 mil na compra de um tapete para o Planalto, R$ 65 mil em um sofá para o Alvorada e R$ 156 mil em piso “macio e confortável” em Torto. Em resposta, o Planalto argumentou que “os itens não são pessoais” e o “patrimônio da União não precisaria ser reconstituído se os imóveis ocupados foram adquiridos pela atual administração em boas condições”.
As despesas, apesar de não integrarem os gastos com a manutenção diária das residências oficiais e o pagamento dos funcionários, constituem o maior dispêndio com os edifícios em comparação com os anos anteriores. O projeto de “modernização” dos Palácios Presidenciais foi imposto sob o argumento, conforme informou Janja em entrevista à GloboNews, de que o Alvorada teria sido danificado durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro. “É bastante trabalho, mas já estamos com a mão na massa para deixar tudo lindo, e reabrir o Alvorada para visitas o quanto antes”, também pontuou em suas redes sociais.
Em 29 de novembro, o governo publicou um edital para a compra de 13 tapetes de nylon e de sisal de fibra com o valor total estimado em R$ 374.452,71. Os preços unitários variam de R$ 736 a R$ 113.888,82. Os mais caros são inspirados nos desenhos do artista plástico e paisagista Roberto Burle Marx. Em defesa das aquisições, o órgão elenca que os atuais tapetes dos edifícios não contemplam a “brasilidade” em seus aspectos. Adiante, “realizou-se uma pesquisa sobre as tipologias de materiais utilizados na produção de tapetes brasileiros, bem como sobre os locais e meios originários de fabricação das peças de tapeçaria no país objetivando uma maior integração visual entre os espaços do prédio”, diz o estudo preliminar.
Outro edital da Presidência estipula gasto de R$ 183 mil com persianas elétricas e cortinas e R$ 358 mil com árvores de Natal e objetos decorativos. Itens de primeira linha, como as supostas 31 colchas feitas “100% de algodão egípcio”, com “300 fios, percal, toque acetinado”, integram os dispêndios de R$ 130 mil em enxoval de lençóis e roupas de cama e banho. Em resposta ao decreto de 27 de setembro de 2021 – que proíbe a aquisição de bens de luxo – a Secretaria de Comunicação (Secom) afirmou que o item “tem as características superiores justificadas em face da estrita atividade do órgão ou da entidade”, pois passarão “a integrar o patrimônio da União e serão utilizados pelos futuros chefes de Estado que lá residirem”.