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Uma onça-parda foi flagrada por uma câmera de um projeto que monitorava o comportamento de macacos-prego no Parque Nacional de Ubajara, interior do Ceará (veja no vídeo acima). As imagens foram feitas pelo projeto CapCult da ONG Neoprego, e são parte do doutorado da pesquisadora Tati Valença.
O Parque Nacional de Ubajara fica localizado a cerca de 324 km de Fortaleza. É uma Unidade de Conservação Federal de Proteção Integral, localizada nos municípios de Ubajara, Tianguá e Frecheirinha. O parque é famoso pela presença de dois ecossistemas tão diferenciados (mata úmida e mata seca) próximos um do outro.
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A bióloga Tati Valença comentou sobre o felino flagrado. “Essa espécie varia em tamanho dependendo do ambiente. Então ela varia ali desde 22 kg até 70 kg. Na caatinga, elas costumam ser mais magras. Esse registro é de uma fêmea, então ela tem uma estrutura um pouco menor, mais esbelta”, explicou.
Onça-parda (Puma concolor) flagrada no Parque Nacional de Ubajara. — Foto: ONG Neoprego/Reprodução
As imagens foram feitas em 2022, mas publicadas apenas no começo desse mês de setembro. A situação inusitada chamou atenção na internet — e também preocupou frequentadores do parque.
“Algumas pessoas costumam ficar um pouco preocupadas com a presença da onça ao visitar o Parque Nacional de Ubajara, mas não precisa ter medo. Eu cheguei a encontrar com a onça uma vez, alguns anos atrás, e normalmente quando a gente encontra com esses predadores, a gente tem que levantar os braços para aparecer maior e fazer barulho, e foi o que eu fiz. Ela se afastou porque as onças costumam se afastar dos humanos”, orientou Tati.
Tati é doutoranda da Universidade de São Paulo (USP) e membro da ONG Neoprego. Ela explicou que na entidade há um projeto, chamado CapCult, que monitora o comportamento de macacos-prego — espécie conhecida por usar “ferramentas” para conseguir se alimentar. Uma das populações monitoradas é a do Parque Nacional de Ubajara.
“É uma população bastante especial, porque os macacos-prego são conhecidos pela quebra de cocos. Então, eles usam umas pedras menores, que a gente chama de martelo, e umas pedras maiores, que a gente chama de bigorna, para quebrar vários recursos duros, entre eles o coco de macaúba e o babaçu”, explicou a pesquisadora.
“Mas a população do Parque Nacional de Ubajara é extremamente especial. Além desse tipo de uso de ‘ferramenta’, a gente descobriu que eles também usam ferramentas de pedra e de vareta para acessar alimentos no solo. Então, é por isso que a gente quis estudar um pouco melhor também essa população de lá, e entender a fundo esses comportamentos”, destacou.
Tati comentou que uma das questões do doutorado dela é tentar entender se os predadores (como a onça-parda filmada) afetam o uso de ferramentas dos macacos-prego. “Para isso, a gente monitorou esses predadores, a gente instalou ‘câmeras-trap’, que são armadilhas fotográficas acionadas com movimento. A gente instalou elas em vários lugares do parque, mas especialmente nesses locais onde os macacos quebram coco”, complementou.
Por Mateus Ferreira, Samuel Pinusa, g1 CE