Emocionado, Raimundo afirmou que havia comprado a casa no local há cerca de um ano e que não imaginava que fosse acontecer a tragédia. Ele relata ainda que tudo aconteceu de forma muito rápida e não pretende mais voltar a morar na região.

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“Não sabíamos que isso ia acontecer. Estava em casa e o tempo fechou. Com meia hora de chuva veio deslizamento e a casa caiu e levou tudo muito rápido. Não vou mais morar lá pois tenho medo”, disse o agricultor.

Parentes e amigos se despediram das três vítimas nesta quinta-feira (16). O sepultamento ocorreu nesta sexta-feira (17), no cemitério São João Batista, no Centro da cidade.

Vizinhos das residências derrubadas pela chuva relataram momentos de terror durante o deslizamento de terra. “O barulho foi muito forte. Estava todo mundo em repouso na hora do almoço, pedindo socorro”, disse Maria Alvenir de Oliveira, que mora há sete anos no local.

“A minha casa não foi atingida, mas três casas depois da minha foi, e tivemos que sair. Foi um terror porque a gente nunca viu esse tipo de desabamento. Foi a primeira vez. Eu tive muito medo, não só eu, mas a população toda”, complementou a moradora. Ela disse, inclusive, que não pretende voltar a morar no local.

Luís Prudêncio Ferreira, de 89 anos, também lamentou o ocorrido. “Saímos de casa debaixo de chuva, passando pela lama para ver se salvava o pessoal, mas não deu para salvar todos. Estamos numa situação que não tem mais condições de voltar. A gente sentiu muito abalo mesmo”, disse o idoso, que também pretende não retornar à casa onde morou durante 14 anos.

A Prefeitura de Aratuba decretou, nesta sexta-feira (17), estado de emergência após deslizamento que deixou três mortos e famílias desalojadas no município. O prefeito Joerly Vitor assinou a decisão, que vale por 90 dias, e pode ser prorrogada devido às chuvas ou dificuldades financeiras e operacionais causadas pelas precipitações.

O gestor municipal explicou a decisão. “Vai permitir que o município receba recursos do governo do estado e federal, se aceito pelo governo federal, para que esses recursos cheguem na ponta mais rapidamente possível”, comentou Joerly Vitor.

“Chegar esses recursos rapidamente significa tirar essa população que está nesse entorno e colocar em locais mais seguros. Fizemos isso paliativamente que foi levando para hotéis e colocando, depois, no aluguel social, mas não vai resolver definitivamente”, complementou o prefeito.

O documento que oficializa o estado de emergência considerou pontos como as chuvas torrenciais que assolam o município — o que pode causar novos deslizamentos — e a quantidade de pessoas atingidas diretamente com o impacto das precipitações, que vão desde pessoas feridas a desalojadas; além dos óbitos.

Pontos com risco de deslizamento em Aratuba são monitorados pela Defesa Civil do Ceará durante esta sexta-feira (17). Equipes da Defesa Civil colocaram lonas para tentar impedir que a terra ceda e cause novos desabamentos.

Nesta quinta-feira (16), duas casas desabaram durante um deslizamento na encosta de um morro na cidade. De acordo com o Corpo de Bombeiros e com a prefeitura do município, das sete vítimas atingidas, três morreram, sendo uma mulher e duas crianças. As outras quatro pessoas feridas ainda não foram formalmente identificadas.

Famílias perderam móveis e tiveram de deixar casas após forte chuva no Ceará — Foto: Thiago Gadelha/SVM

Desabamento de casas

Pelo menos duas casas desabaram durante o deslizamento nesta quinta-feira, que ocorreu por volta de 12h, segundo a prefeitura do município. Dois dos mortos são mãe e filho, de 21 anos e de dois anos, respectivamente. O outro óbito foi de uma criança de oito anos.

“Desde ontem, equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil estão presentes aqui na região de Aratuba. As chuvas aqui iniciaram por volta de 9h, 10h. Só no período de 12h à uma da tarde, choveu 54 milímetros. Foi suficiente para comprometer essa região de Aratuba e causar esse movimento de massa”, contou o tenenten-coronel Aroldo.

Segundo o oficial, foi esse movimento de massa que causou o deslizamento sobre duas casas. Todas as vítimas foram retiradas dos escombros e socorridas por populares. Equipes do Corpo de Bombeiros e do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) chegaram depois.

“A gente chegou um pouco depois, com guarnições de Canindé e Guaramiranga para ajudar aqui os populares e tentar fazer esse trabalho preventivo de mitigação, tentar reduzir o que foi causado pra gente conter mais o movimento de massa”, explicou Aroldo.

Alagamentos

Populares buscam por sobreviventes entre os ecombros — Foto: Divulgação

Em vídeos divulgados nas redes sociais, moradores registraram as ruas completamente alagadas com a água subindo as calçadas e invadindo as residências.

Em outro registro, é possível ver moradores no local do deslizamento usando macas improvisadas para retirar os feridos enquanto outras tentavam procurar pessoas sob os escombros.

Equipes do Corpo de Bombeiros foram enviadas para o local e realizam os trabalhos de busca, salvamento e resgate das vítimas.

o Ceará no g1