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Chegando a medir 32 centímetros, uma ave de bico longo desperta o fascínio em observadores e fotógrafos. Conhecido como arapaçu-do-nordeste, ele é ameaçado de extinção e pode ser contemplado por visitantes do Brasil e de outros países nos carnaubais da cidade de Morada Nova, a cerca de 168 quilômetros de Fortaleza.
O interesse na região cresceu desde o primeiro registro da ave no município em uma plataforma voltada para observadores de pássaros, como conta Rogério Rumão, que é fotógrafo, observador e guia local. Ainda em 2017, Rogério se surpreendeu com a repercussão da foto que ele fez na localidade de Lagoa Funda, na zona rural de Morada Nova.
“Ela [a ave] existe em outros locais, mas aqui é mais fácil a observação. Desde então, essa espécie vem atraindo observadores de vários lugares. Alguns para fotografar, outros apenas para observar. Outros guias de fotografia trazem pessoas para cá para mostrar a ave. Na maioria das vezes, as pessoas conseguem ver o pássaro, pois ele sempre está por lá”, partilha Rogério.
Com nome científico de Xiphocolaptes falcirostris, o arapaçu-do-nordeste é encontrado também em outras regiões de mata seca, incluindo áreas da caatinga no Nordeste. É uma ave endêmica do Brasil e vem continuamente perdendo espaço para o desmatamento das áreas verdes.
Arapaçu-do-nordeste, espécie de pássaro ameaçada de extinção, atrai observadores de outros países para o interior do Ceará — Foto: Rogério Rumão
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A Lista Brasileira da Fauna Ameaçada de Extinção, divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente, traz o arapaçu-do-nordeste como uma ave na classificação “Vulnerável”. Isto significa que a espécie está enfrentando risco alto de extinção na natureza, sendo este um dos primeiros níveis de ameaça.
Maranhão, Piauí, Paraíba e Pernambuco são também outros estados com registros desta espécie.
Visitantes de diversos países passam por Morada Nova para a observação de pássaros — Foto: Rogério Rumão/Arquivo Pessoal
Contemplar o arapaçu-do-nordeste na zona rural de Morada Nova é uma das possibilidades de passeio para quem se interessa pela observação dos pássaros na natureza. Esta opção de lazer é conhecida como birdwatching, no inglês. No português, a prática também é chamada de “passarinhada”.
Nestas pequenas expedições, os visitantes passeiam com auxílio de um guia e portam câmeras fotográficas ou apenas binóculos. As trilhas na Lagoa Funda já receberam pessoas de outras cidades cearenses e brasileiras, além de visitantes de países como Itália, Espanha, Estados Unidos, Inglaterra e Costa Rica. Estas observações acontecem durante todo o ano.
Atuando como guia local, Rogério Rumão explica que a comunicação com os visitantes estrangeiros é facilitada por outros guias de fotografia que organizam as passarinhadas para turistas internacionais. Ele conta que os visitantes costumam passar um ou mais dias hospedados em Morada Nova, incluindo, por vezes, visitas a outros pontos do Ceará e do Nordeste.
Pássaro ameaçado de extinção atrai observadores da Europa e Estados Unidos ao Brasil — Foto: Arquivo pessoal
Na Lagoa Funda, não é difícil avistar o arapaçu-do-nordeste. Por ser uma área de matas com boa preservação, ele aparece perto dos carnaubais sozinho, em pares ou em pequenos grupos familiares.
O pássaro tem plumagem em tons de ferrugem e marrom-claro. E possui bico longo e forte para ajudar na captura de insetos, larvas, caramujos e aranhas.
A jacucaca é outra espécie ameaçada de extinção encontrada nas matas de Morada Nova — Foto: Rogério Rumão/Arquivo Pessoal
Como explica Rogério, a região traz também uma grande diversidade para os observadores. Assim, muitas outras espécies de aves acabam encantando os visitantes atraídos até lá.
Das mais de 200 espécies presentes em Morada Nova, algumas outras aves também são ameaçadas de extinção. É o caso da jacucaca, que também é característica do bioma caatinga e está classificada como Vulnerável na lista do Ministério do Meio Ambiente.
Algumas outras espécies presentes na região:
Rogério Rumão é fotógrafo, observador de pássaros e guia local para passarinhadas no Ceará — Foto: Rogério Rumão/Arquivo Pessoal
Rogério observa a natureza como parte da rotina, saindo para caminhar nas matas da localidade onde mora, indo também explorar outras regiões. E faz registros em fotos e vídeos que alcançam uma boa repercussão nas redes sociais, onde conta com mais de 40 mil seguidores.
Por vezes, ele capta a presença de espécies que não são da região, mas que são atraídas para lá pelas áreas de lagoas que seguem com água mesmo em períodos secos. Um destes registros foi de um tuiuiú, ave considerada o símbolo do Pantanal.
Por Thaís Brito, g1 CE