O número de cristãos perseguidos aumentou em todo o mundo, de acordo com a Lista Mundial da Perseguição (LMP) de 2024, divulgada na última quarta-feira (17) pela ONG Portas Abertas. O ranking, que é divulgado todos os anos, destaca os 50 países onde a prática do cristianismo é mais repreendido, revelando um surpreendente aumento nos casos de perseguição a seguidores de Jesus Cristo em escala global: um a cada sete cristãos enfrenta perseguição por sua fé.
A pesquisa segue um processo em três etapas para uma avaliação abrangente das adversidades enfrentadas pelos cristãos em todo o mundo. O primeiro passo consiste na Análise Global dos Países, um período em que são examinadas notícias e outros documentos que evidenciam a perseguição aos cristãos.
Em seguida, ocorre a Investigação, durante a qual um pequeno questionário é distribuído a indivíduos em países que se destacaram no passo anterior. Este questionário visa aprofundar a compreensão sobre a natureza da perseguição enfrentada pelos cristãos nessas regiões.
No terceiro e último passo, um questionário abrangente é enviado a contatos-chave nos países onde foi confirmada a perseguição nos passos anteriores. Este questionário é respondido por uma rede diversificada de contatos mantidos pela Portas Abertas, que inclui equipes de campo, cristãos perseguidos em nível nacional e especialistas em perseguição religiosa, contribuindo assim para a verificação final e a conexão de informações.
Alguns dos destaques mais marcantes no atual ranking incluem o aumento do número total de cristãos perseguidos, que atingiu a marca de 365 milhões. Além disso, destaca-se o aumento na explícita perseguição dos regimes comunistas aos seguidores de Cristo: a Coreia do Norte, que mantém sua posição no topo da LMP 2024 e a Nicarágua, que ascendeu 20 posições.
Outro ponto digno de nota na Lista Mundial da Perseguição de 2024 é o crescimento no número de cristãos sob perseguição. Até o ano de 2023, o número de seguidores de Jesus enfrentando perseguição alta, severa ou extrema era de 360 milhões. A última pesquisa da Portas Abertas confirma que mais 5 milhões de cristãos agora sofrem perseguição, elevando a impressionante estatística de que um em cada sete cristãos no mundo está enfrentando algum tipo de hostilidade devido à sua fé.
Bernardo Küster, diretor de opinião do BSM e especialista em estudos sobre a Igreja, destaca a urgência de tornar a perseguição aos cristãos uma realidade factível, visto que a grande mídia negligencia esse grave problema global.
Para Kuster, a falta de cobertura midiática sobre a perseguição aos cristãos contribui para a invisibilidade desse fenômeno, que atinge diversas regiões do mundo. Ele ressalta o exemplo da Nicarágua, que experimentou um aumento absurdo em apenas um ano no índice de perseguição, mas com a complacência do governo Lula e do movimento comunista e não é denunciada como deveria pelos grandes veículos de mídia ao redor do mundo.
O diretor de opinião também destaca a Coreia do Norte, um regime comunista que continua encabeçando a lista de países onde a perseguição aos cristãos é mais intensa. Kuster argumenta que a gravidade dessa perseguição, incomparável a qualquer outra sofrida por minorias no mundo, não recebe a devida atenção midiática, especialmente quando comparada com outras narrativas de perseguições que, segundo ele, são utilizadas para fortalecer a agenda comunista.
Nesse contexto, Bernardo Kuster destaca a importância de dar visibilidade à perseguição aos cristãos, enfatizando que a compreensão e a divulgação dos fatos são fundamentais para combater e repreender o avanço desse grave problema global.
“A primeira coisa é essa: divulgar o nível da perseguição, que não se compara a nenhuma minoria no mundo. Ou seja, a maioria cristã é perseguida. Isso é assustador. Você não precisa ser uma minoria para ser perseguida. Contudo, a divulgação do fato, não ganha a dimensão do próprio fato. Um a cada sete cristãos são perseguidos, mas você não vê isso na mídia.”
Segundo Bernardo, pela omissão à respeito do assunto, a população fica sem uma noção concreta e real da dimensão desse fenômeno. Mesmo quando há notícias, a continuidade do tema é escassa, não recebendo a devida atenção e persistência na cobertura. Por isso, não é possível fazer a verdadeira defesa dos cristãos sendo que suas mortes e dores são propositalmente tornada invisíveis para o restante do mundo.
Piores países para ser cristão
A recém-divulgada lista apresenta uma visão chocante da intolerância religiosa ao redor do globo, destacando os países onde os cristãos enfrentam os maiores riscos. Entre as nações mais preocupantes, destacam-se:
1. Coreia do Norte: Persistência na Periculosidade
A Coreia do Norte mantém sua posição como o país mais perigoso para os cristãos. Muitos norte-coreanos, repatriados da China, enfrentam a dura realidade de prisões e campos de trabalho forçado. Aqueles deportados podem incluir seguidores de Jesus, uma vez que a migração de cristãos norte-coreanos para o país vizinho continua.
2. Índia: Conflitos Étnicos Desencadeiam Violência
Os conflitos políticos entre as etnias meitei e kuki em Manipur, Índia, desde maio de 2023, resultaram na morte de 160 cristãos e no deslocamento de 60 mil seguidores de Jesus. As regiões de Madhya Pradesh e Chhattisgarh testemunharam a expulsão de 200 cristãos de 70 famílias de suas comunidades, agravando ainda mais o índice de violência.
3. África Subsaariana: Desestabilização e Ataques Extremistas
A desestabilização política e econômica em países da África Subsaariana favorece grupos extremistas, que têm como principais alvos casas, negócios de cristãos e igrejas. Golpes militares e a presença de mercenários russos do grupo Wagner intensificam a falta de liberdade, resultando em 16,2 milhões de cristãos entre os 34,5 milhões de deslocados na região. Mais de 14 mil igrejas foram atacadas ou fechadas, um aumento significativo desde a LMP 2023.
4. Oriente Médio: Deslocamento após Desastres e Aumento na Violência
O terremoto na Síria em fevereiro de 2023 contribuiu para o deslocamento de cristãos, enquanto o grupo extremista Hayʾat Taḥrīr al-Shām tomava igrejas históricas, forçando a migração dos seguidores de Jesus. Na Arábia Saudita, apesar de um aumento na liberdade religiosa, a violência contra os cristãos cresceu, com riscos de assassinato por parte de suas famílias e comunidades ao deixarem o islã.
5. China e Argélia: Igrejas Fechadas e Restrições Religiosas
A China lidera o fechamento de igrejas, registrando no mínimo 10 mil incidentes, incluindo aquelas conhecidas como domésticas, mas com milhares de membros. Na Argélia, apenas quatro das 46 igrejas afiliadas à Igreja Protestante da Argélia permanecem abertas, evidenciando restrições religiosas significativas.
Perseguição extrema
A triste realidade da perseguição extrema aos cristãos se desenha em 13 países ao redor do globo – o que representa um aumento em relação aos 11 destacados na Lista Mundial da Perseguição (LMP) de 2023.
Notavelmente, Síria (12º) e Arábia Saudita (13º) ingressaram nesse preocupante grupo, mantendo suas posições, mas agora enfrentando um nível extremo de perseguição devido ao aumento de pontuação.
Os demais países que continuam a ser epicentros de perseguição extrema permaneceram inalterados, embora com algumas mudanças de posição no ranking. A Coreia do Norte (1º) lidera essa lista, seguida por Somália (2º), Líbia (3º), Eritreia (4º), Iêmen (5º), Nigéria (6º), Paquistão (7º), Sudão (8º), Irã (9º), Afeganistão (10º) e Índia (11º). Nesta edição, todos os 50 países listados são os mesmos da LMP 2023, refletindo apenas alterações em suas pontuações e posições.
Ascensões notáveis na Lista Mundial da Perseguição 2024
A última edição da Lista Mundial da Perseguição (LMP) de 2024 revela movimentações marcantes de alguns países que subiram significativamente nas posições, destacando um aumento preocupante na hostilidade contra os cristãos em várias regiões.
1. Nicarágua: Uma Ascensão Dramática de 20 Posições
A Nicarágua, sob comando do aliado de Lula, Daniel Ortega, destaca-se como o país que mais subiu posições na LMP 2024, saindo da 50ª para a 30ª posição. Esta ascensão notável é atribuída ao aumento significativo da pressão em todas as esferas da vida, incluindo processos judiciais, prisões de líderes cristãos e restrições severas às atividades das igrejas. O governo intensificou suas medidas, resultando em uma mudança substancial no cenário religioso do país.
Leia: Nicarágua proíbe mais uma procissão católica
2. Omã: Aumento da Violência Eleva Posições
Omã também registrou uma ascensão notável, subindo do 47º para o 31º lugar na LMP 2024. Este avanço é impulsionado pelo aumento da violência e da pressão exercida sobre as igrejas. A escalada de tensões contribuiu para a mudança no ranking, evidenciando os desafios crescentes enfrentados pelos cristãos no país.
3. Laos: Mortes de Cristãos Provocam Mudança de Dez Posições
No Laos, a morte de quatro cristãos teve repercussões significativas, resultando em uma elevação de dez posições na LMP 2024. Atualmente ocupando o 21º lugar, o país experimentou um aumento no nível de violência que impactou a igreja local, destacando os desafios enfrentados pelos cristãos em meio a uma atmosfera mais hostil.
4. Cuba: Pressão e Violência Impulsionam Subida no Ranking
Cuba testemunhou uma ascensão do 27º para o 22º lugar na LMP 2024. Essa mudança é atribuída ao aumento da pressão e violência, resultantes de ataques a propriedades cristãs e prisões arbitrárias de seguidores de Jesus. As restrições crescentes têm impactado diretamente a comunidade cristã no país.
A situação no Brasil: perseguição cultural e suas consequências
No cenário brasileiro, destaca-se a perseguição cultural e “problematização” da expressão religioso em ambientes públicos, que antecede e prepara o terreno para a verdadeira perseguição física.
É destacado o paralelo com a Nicarágua, onde décadas de pregações comunistas e anti-clericais precederam a efetiva perseguição. No Brasil e em muitos lugares, a perseguição cultural é alimentada pela omissão dos próprios cristãos, que, ao tolerarem os princípios liberais e esquerdistas, concordam com a ideia de que a religião não deve ser vivida publicamente e aceitam as limitações que são impostas à eles.
Essa tendência, aponta-se, contribui para a criação de um ambiente propício à perseguição, tanto cultural quanto potencialmente física, alertando para os desafios que a liberdade religiosa enfrenta em diversos contextos ao redor do mundo nos quais a tolerência dos cristãos e da população com aqueles que lhes desprezavam possibilitou a criminalização e repreensão de suas crenças e costumes.