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PGR solicita imediato afastamento do governador do Acre em meio a investigação por fraude

No documento de 175 páginas, o subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, argumenta que, desde 2019, Gladson Cameli lidera um esquema de fraude em licitações. A PGR aponta para irregularidades ou direcionamento em pelo menos oito contratos assinados nos últimos anos pelo governo do Acre, resultando em um prejuízo estimado de R$ 150 milhões

A Procuradoria-Geral da República (PGR) requereu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) o afastamento imediato do governador do Acre, Gladson Cameli (PP), após denúncia apresentada na última terça-feira (28). Além do político, outras 12 pessoas foram denunciadas por crimes como peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A matéria está sob os cuidados da ministra Nancy Andrighi.

No documento de 175 páginas, o subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, argumenta que, desde 2019, Gladson Cameli lidera um esquema de fraude em licitações. A PGR aponta para irregularidades ou direcionamento em pelo menos oito contratos assinados nos últimos anos pelo governo do Acre, resultando em um prejuízo estimado de R$ 150 milhões.

O esquema, conforme a PGR, teve início em 2019 com a celebração de um contrato de manutenção predial no valor de R$ 24,3 milhões entre o governo do Acre e uma empresa de engenharia.

Segundo a denúncia, “um dia após celebrar contrato milionário com o Estado do Acre, a empresa, sem qualquer know-how específico da localidade de execução dos serviços, contratou indiretamente e de forma velada a empresa do irmão do governador, a qual igualmente não possuía atividade no Estado do Acre e passou a receber vantagens advindas da execução do pacto com o governo estadual”.

A PGR afirma que “as evidências são claras de que Gledson Cameli, irmão do Governador, conhecia a empresa e realizou com seus sócios e os demais coautores um pacto para dividir a execução e os lucros decorrentes do contrato”.

A denúncia aponta que pelo menos R$ 4,4 milhões foram repassados às empresas controladas direta ou indiretamente pelo irmão do governador. A partir do direcionamento desse contrato, houve um sobrepreço de R$ 8,8 milhões e um superfaturamento de R$ 2,9 milhões. A PGR destaca a participação de outros agentes públicos no esquema, incluindo o secretário de Infraestrutura, Thiago Rodrigues Gonçalves Caetano.

Ao longo da investigação, a PGR identificou nove transferências de valores entre a construtora contratada pelo governo do Acre e a empresa do irmão do governador, totalizando R$ 1,6 milhão. A denúncia salienta que é “inegável o desvio dos recursos públicos, os quais deveriam ser empregados na execução das obras, mas foram desviados em favor de familiares do Governador do Estado”.

A PGR destaca que o dinheiro desviado beneficiou diretamente o governador do Acre e seus parentes, citando que as empresas investigadas contribuíram para o financiamento de um apartamento de luxo em São Paulo, além de parcelas do financiamento de um carro de luxo e propina para Eládio Messias Cameli Júnior, irmão do governador.

Em resposta, Cameli afirma manter a confiança na Justiça e estar à disposição para esclarecimentos. Em comunicado, ele declarou: “Diante das publicações recentes veiculadas na imprensa acreana e nacional acerca de denúncia da Procuradoria-Geral da República, e consequente pedido de afastamento do exercício do mandato, o governador Gladson Cameli mantém sua confiança na justiça, mantendo-se à disposição para quaisquer esclarecimentos, bem como permanece cumprindo suas obrigações como chefe do Poder Executivo do Estado do Acre.”

João Pedro Magalhães·30 de Novembro de 2023 às 17:11

POR: BRASIL SEM MEDO 

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